O governador Rui Costa deu mais uma mostra de despreparo quando o tema é saúde pública. Sua crítica à moratória de cinco anos para abertura de novas escolas de medicina, alegando uma suposta escassez de profissionais é típica de quem não conhece a realidade do ensino médico. Costa já tinha escorregado no assunto, durante recente viagem a Cuba, quando afirmou que faltavam pediatras e anestesistas. Chegou a propor a importação de profissionais, mas depois disse que tudo foi um mal-entendido de sua assessoria.
Agora, a manifestação do governador revela ignorância sobre o crescimento exponencial, na última década, do número de médicos formados anualmente na Bahia, fato que já se traduz em desemprego na medicina. Pior: omitiu que seu governo tem cortado sistematicamente postos de trabalho de médicos e, por conseguinte, reduzido a capacidade de atendimento à população.
Logo no inicio da sua gestão, em 2015, um terço dos médicos da UTI Geral do Hospital Roberto Santos (HGRS) foram demitidos. No natal de 2016, as comunidades do Subúrbio e de São Caetano foram "presenteadas" com o fechamento súbito das UPAs de Escada e São Caetano, produzindo um corte de mais de 80 postos de trabalho.
A unidade de pediatria do Ernesto Simões foi fechada ao mesmo tempo em que o número de plantonistas da emergência de pediatria era cortado pela metade. O número de profissionais também foi reduzido na Maternidade de Referência e, mais recentemente, um terço dos ortopedistas do Menandro de Faria foi demitido de um dia para o outro. E o governo planeja ainda fechar quatro hospitais psiquiátricos.
Todas essas situações foram combatidas e denunciadas pelo Sindimed, que vem cobrando das autoridades competentes a reversão das medidas arbitrárias e irresponsáveis. E o governador não pode alegar desconhecimento, pelo menos em relação ao fechamento da UPA de Escada, tendo em vista a manifestação em frente a governadoria pela reabertura da unidade.
Para o vice-presidente do Sindimed, Luiz Américo, que acompanhou as mobilizações contra os cortes de postos de trabalho, existe um distanciamento entre o discurso de Rui Costa e as suas ações. "O governador, de maneira oportunista, tenta passar a ideia que o acesso restrito da população aos médicos decorre da escassez de profissionais. Ao mesmo tempo, os atos de seu governo vão no sentido de restringir a capacidade de atendimento das unidades sob sua responsabilidade. Se tivesse mesmo faltando médicos, o governo não estaria demitindo e arrochando os salários da forma como está". disparou o sindicalista.
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